A TODOS OS NOSSOS VISITANTES:

SEJAM BEM-VINDOS AO AMIGOS DA FILOSOFIA!

"A filosofia não é senão este esforço da razão, toda entregue à procura da verdade, e por isso humildemente submissa ao real".

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O homem é um ser racional?

O ser humano é um ser recional. As pessoas concordam e querem confirmar essa verdade. Mas será que, de fato, o ser humano é sempre racional? De que modo ele confirma isso no dia-a-dia? Se a racionalidade pertence à sua estrutura espiritual, ela se manifesta também em seus comportamentos? A história ´testemunha da racionalidade humana? Ou será o ser humano tão racional que utiliza sua razão para aquilo que parece irracional? Não seriam suas ações racionais, porém, dominadas pelas paixões?

Racionalidade-Instrumento:É certo que o homem calcula muito bem seus objetivos, ajunta-lhes motivos convincentes. Profundamente, porém, o que ele almeja não é ético e nem humano, embora muito bem estudado e planejado.
Diríamos que esta é a razão enquanto instrumento que serve para enganar e dominar o outro, destruir a natureza e explorar o semelhante. Não podemos dizer que se trata de irracionalidade pura e simples. É razão interesseira e calculista.
Para nós, ser racional é ter a capacidade de pensar, de raciocinar, de decidir, de escolher o melhor, de ver as coisas com clareza, de distinguir, de buscar a objetividade nas questões discutidas e, de viver, portanto, sua estrutura espiritual interna com transparência e autenticidade. É a potencialidade da ação racional e consciente, embora admitamos a racionalidade instrumental e a existência das paixões(ódio, ressentimento, raiva, etc). É assim que entendemos a racionalidade humana: de um lado, ela é verificável na história e, de outro, é verificável na barbárie(guerras, genocídios, exploração, etc).

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Viver com Sabedoria

Ao jovem
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol) Eis aqui, prezado jovem, alguns conselhos que, se você os tiver em conta, haverão de evitar-lhe na vida muitas dificuldades e não poucos sofrimentos.
Assim que os puser em prática, comprovará que eles contêm normas precisas para o exercício e o bom rendimento de seus nobres propósitos.
Para ganhar tempo e adiantar resultados, você necessitará permanentemente de seu auxílio, que ponho a seu alcance com conhecimento cabal de sua eficácia. Considere-os como adiantamentos desse valioso capital mental que você haverá de ir reunindo com seu próprio esforço:
Consagre todo o tempo possível ao estudo – com fé, com entusiasmo –, aumentando cada dia seu saber e sentindo-se disposto, ao mesmo tempo, a conservar esse saber que necessitará, de sua parte, a atenção e a dedicação que sempre devemos prestar às coisas que nos hão de ser úteis.
Sua vida deverá ser motivo constante de estudo
Estude muito, e predisponha seu ânimo de forma que o estudo chegue a seduzi-lo tanto que você se entregue a ele com alegria. Mas não interprete o que lhe digo como se devesse dedicar-se unicamente ao que os livros ensinam. Não; o estudo terá de seguir em você um processo de atividade intelectiva permanente, derivado da observação, que você poderá exercitar em todo momento e nos ambientes que freqüentar. Sua vida será, pois, motivo constante de estudo. Logo compreenderá que não há estudo mais belo.
As observações que fizer sobre seus semelhantes e sobre as coisas a seu alcance, lhe permitirão aperfeiçoar-se a si mesmo em alto grau, corrigindo suas deficiências e exaltando suas qualidades. Assim, por exemplo, tudo de belo e de bom que você veja nos demais lhe servirá para reproduzi-lo em si; e se o que observa neles lhe for, pelo contrário, desagradável: seus procederes, sua conduta, etc., aproveite isso para julgar as impressões que seus semelhantes receberiam de você, se tivesse os mesmos procederes, a mesma conduta. Trate, pois, por todos os meios e com grande vontade, de não reproduzir aquilo que a você mesmo tiver causado má impressão.
Suas observações serão generosas, e de seus frutos surgirão motivos para auxílio a você e a seus semelhantes. Trechos extraídos do livro Bases para Sua Conduta págs. 13 e 14
Fonte: www.logosofia.org.br

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cristianismo


Mobilidade Religiosa

Na América Latina, especialmente no Brasil, as pessoas, têm com muita facilidade, trocado de religião como se troca de roupa. Uma única pessoa chega a passar por até cinco ou seis igrejas diferentes. Qual será o motivo? Será que as pessoas não estão encontrando Deus em Sua própria casa? Será que elas estão de fato à procura de Deus, ou fizeram uma “imagem de um deus”, e estão procurando essa “imagem” nas igrejas? Ou ainda: será que elas procuram a Deus ou procuram-se nas igrejas? Diante disso, podemos nos perguntar, no caso do cristianismo, estas pessoas que assim procedem, querem seguir a Cristo ou uma igreja? A resposta não é fácil. Depende da motivação de cada um,e que varia de pessoa para pessoa.
A grande maioria da população tem medo de aprofundar isso. Porque elas já sabem que terão que mudar de rumo, mudar de atitude, começar de novo. E isso, obviamente, dá muito trabalho. Melhor deixar como está... Não se toca no assunto... Deixa-o na superfície... Agindo assim a pessoa nunca vai chegar a entender porque ela faz isso. É como jogar a sujeira par debaixo do tapete. Ninguém vê. Mas, você sabe que está ali.
A pessoa que quer agir com coerência e inteligência, procura aprofundar a questão. Por que deixar esta igreja? Deus não está em toda a parte? Mais: Ele não está em mim, que sou Sua imagem e semelhança? Ao invés de mudar de religião, por que não mudar as minhas atitudes dentro da religião a qual escolhi? Se tenho dúvidas, devo buscar esclarecimentos. Se tenho problemas, conflitos e, diga-se de passagem, sempre e em todo o lugar terei, por que não resolvê-los?
Ao olhar analisar de maneira mais profunda essa questão, podemos concluir o seguinte: mudar de religião sem buscar o sentido desta mobilidade é mudar de problemas, conflitos e adicionar mais dúvidas.
Conheça a sua religião e viva conforme você crê. Assim, você terá a estabilidade espiritual que tanto procura.

Fabiano Azevedo

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Reflexão


São Paulo, ao escrever aos filipenses pedia que eles vivessem a altura do Evangelho de Cristo. Certamente, podemos supor que o grande apóstolo tinha, também em mente, Maria Santíssima, a Mãe de Jesus e nossa. Nela, a Palavra de deus se cumpriu plenamente sem restrições. Toda a sua vida foi um anúncio contínuo do Evangelho: palvras, gestos e até seus silêncios, revelam a grandeza de sua alma. Por isso, ela é modelo e "typos" de Igreja.
Sua palavra nascia da Palavra de Deus. Nos seus gestos, expressões de caridade, generosidade, doação... No seu silêncio, o espaço necessário para a meditação da Palavra divina. Por isso, Maria Santíssima podia exclamar: "O Senhor fez em mim maravilhas, santo é o seu nome!".
Portanto, suas virtudes dão testemunho concreto de que, ela vivia em consonância com o Evangelho de seu divino Filho.
E nós, podemos dizer o mesmo? Serás que ao menos, buscamos viver a altura do Evangelho? Ou vivemos mediocremente? Será que exteriormente somos uma coisa e interiormente somos outra?
Jesus disse: "Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus". Em outras palavras, entrará no reino os que escutaram, creram e praticaram a Palavra de Deus.
Viver a altura do Evangelho não é sabê-lo de "có e saltiado", mas vivenciar tudo o que aprendemos, mesmo que seja pouco. Mas, esse pouco devemos praticá-lo com a máxima perfeição. Pois, "muito faz quem bem faz o que faz"
Pense nisso e buscai viver a altura do Evangelho.
Administrador

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Fique por Dentro


O SENTIDO DA VIDA: COMO PERDOAR
Dez regras para dar fim a um ressentimento
Primeira: Quando alguém o magoar, ponha "iodo espiritual" na ferida, imediatamente. Isto é, reze fervorosamente pelo que se passou. Se não fizer isso, vira supuração.
Segunda: Se o ressentimento o tornou insensível, aplique a drenagem de agravos. Isto é, abra a sua mente para deixar que os agravos se encaminhem para fora dela.
Terceira: Faça isso desabafando o peso de suas queixas com um sonselheiro de confiança, ou escreva uma carta à pessoa contra a qual tem ressentimento. Depois, rasgue a carta e, com os pedaças de papel na mão, reze por aquela pessoa, perdoando-a.
Quarta: Torne-se inteiramente consciente do mal que o ressentimento pode lhe causar, tornando-o até doente. Pense nisso cada vez que um pensamento de ódio assaltá-lo.
Quinta: Não cesse de perdoar, tendo-o feito uma ou duas vezes. Faça isso setenta vezes sete, ou seja, quatrocentas e noventa vezes.
Sexta: Pensar em perdoar não é o bastante´. É preciso que em determinado momento você dida: "com a ajuda de Deus, eu agora perdôo(dizer o nome da pessoa)".
Sétima: Reze um pai-nosso mencionando o nome da pessoa que o ofendeu: "Perdoa minhas ofensas, assim como eu perdôo(dizer o nome da pessoa).
Oitava: Ore pela outra pessoa, pedindo para ela bençãos específicas, especialmente em relação a assuntos que previamente mais o aborreceram.
Nona:Fale de maneira bondosa e agradável, tão frequentemente quanto possível, sobre a pessoa contra a qual mantém antagonismo.
Décima: Faça um estudo sincero dos aspectos de personalidade que criaram tão infelizes relações, de forma que o "ponto errado" que existe em você nunca mais se manifeste.

Pe. Lucas de Paula(Congregação da Missão)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Reflexão


Por Que as Pessoas Gritam?
Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: "Por que é que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?"
"Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles.
"Mas por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?", questinou novamente o pensador.
"Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça", retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar:
"Então não é possível falar-lhe em voz baixa?"
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.
Então ele esclareceu:
"Vocês sabem por que se grita com uma pessoa quando se está aborrecido? O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, os seus corações afastam-se muito. Para cobrir esta distância, precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para se ouvir um ao outro, através da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque os seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos os corações, que nem falam, somente sussurram. Quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Os seus corações entendem-se. É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas".
Por fim, o pensador conclui, dizendo:
"Quando vocês discutirem, não deixem que os seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta".

(Mahatma Ganghi)

terça-feira, 15 de abril de 2008

Filosofia

MÉTODO DA FILOSOFIA

1. O método depende do objeto formal.- Chamamos "método" o conjunto de processos a empregar para chegar ao conhecimento ou à demostração da verdade. O método de uma ciência de uma depende do objeto mesmo dessa ciência. Não se emprega, no estudo dos seres vivos, os mesmos processos que no estudo dos seres inorgânicos, e a química procede diversamente da física. Desta forma, é d definição e do objeto da filosofia que nós devemos deduzir o método que lhe convém.
2. O método é a um tempo experimental e racional.- Nós definimos a Filosofia como a ciência das coisas por suas causas supremas. Daí se segue que:
a) A filosofia parte da experiência. se a Filosofia é de início "ciência das coisas", a saber, do homem, do mundo e de Deus, devemos começar por conhecer as coisas que queremos explicar; isto é, nosso ponto de partida será normalmente tomado na experiência. É de fato pelas propriedades das coisas que nós podemos conhecer sua natureza, e, essas propriedades, é a experiência - Vulgar ou científica - que nos faz descobrí-las. É também pelos efeitos do poder divino que podemos elevar-nos até à Causa primeira do Universo, seja para afirmar a sua existência necessária, seja para determinar-lhe a natureza e os atributos, e estes efeios são ainda um objeto de experiência. Assim, o método filosófico será primeiramente experimental, no sentido de que o ponto de partida da Filosofia é tomado na experiência.
b)A Filosofia visa, pela razão, ao que está além da experiência. Mas como a Filosofia é, por seus fins, essencialmente metafísica, isto é, quer ir além da experiência sensível e chegar até às causas primeiras, deverá fazer apelo à razão, porque, estas causas primeiras, o homem não as vê e não as toca com os seus sentidos, e não as pode então atingir a não ser por uma faculdade superior aos sentidos. Eis por que o método filosófico é também um método racional.
3. A Filosofia usa apenas a razão natural. - De outro lado, se a Filosofia se serve da razão, é unicamente da razão natural. Nisto distingue absolutamente da Teologia, que se apóia, como sobre seus primeiros princípios, nas verdades reveladas, enquanto a Filosofia apela unicamente às luzes da razão. Seu critério de verdade não é, como em teologia, a autoridade de Deus revelador, mas a evidência de seu objeto.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Filosofia



Art. II. Objeto da Filosofia

1. O conceito antigo de filosofia. - A palavra filósofo significa "amigo da ciência e da sabedoria", e é atribuída a Pitágoras. Entre os antigos gregos, a Filosofia era a ciência universal; abarcava quase todo esse conjunto de conhecimentos que agrupamos sob os nomes de ciência, de arte e de Filosofia. Esta concepção perdurou sensivelmente até a Idade Média, a partir de que as aetes, e logo as ciências da natureza, se destacaram pouco a pouco da Filosofia e conquistaram sua autonomia. Esta separação é hoje um fato consumado, e existe o maior interesse em distinguir claramente estes dois gêneros de conhecimentos que chamamos científicos e filosóficos.
2. Filosofia e Ciência. - A Ciência e a Filosofia não tem o mesmo objeto formal. Sem dúvida, de um ponto de vista material, Ciência e Filosofia se aplicam ao mesmo objeto: o mundo e o homem (objeto material). Mas cada disciplina estuda este objeto comum sob um aspecto que lhe é próprio (objeto formal). A Ciência se enquartela na determinação das leis dos fenômenos. A Filosofia quer conhecer a natureza profunda das coisas, suas causas supremas e seus fins derradeiros: visa, propriamente, em todas as suas partes, ao conhecimento do que ultrapassa a experência sensível (ou os fenômenos), e do que só é acessível à razão. Se, então, a Filosofia é verdadeiramente uma ciência universal, o é enquanto tende a conhecer, não tudo, como pensavam os antigos gregos, mas os primeiros princípios de tudo.
Vê-se, por conseguinte, que uma explicação cintífica não é uma explicação filosófica; nem uma explicação filosófica, uma explicaçaõ científica. Os problemas da ciência não são os mesmos da Filosofia: o encadeamento dos fenômenos, como a ciência os visa a descobrir, deixa intata a questão da natureza profunda das coisas, de seu valor e seu fim, e o conhecimento das essências, dos valores e dos fins não nos saberia dar a ciência das ligações fenomenais.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Autoconhecimento

PERSONALIDADE

"Muitos poetas não são poetas pela mesma razão por que muitos religiosos não são santos: jamais conseguiram ser eles próprios. Nunca chegam a ser o particular poeta ou o particular monge que Deus destinara que fossem. Nunca se tornam o homem ou o artista que todas as circunstâncias da sua vida individual pediam.
Desperdiçam os anos da sua existência em inúteis esforços para ser algum outro poeta, algum outro santo. Por numerosas absurdas razões, julgam-se obrigados a tornar-se um qualquer outro que morreu há duzentos anos e viveu em circunstâncias diferentes completamente diferentes das suas.
Esgotam o espírito e o corpo num inútil esforço para ter os mesmos sentimentos de um outro ou escrever os poemas de um outro ou possuir a santidade de um outro.
Pode haver um forte egoísmo em seguir os outros. Há quem - demasiado preguiçoso para pensar em algo de melhor - se apresse em valorizar-se imitando o que já goza de popularidade.
Tal pressa é a ruína tanto dos santos como dos artistas. Desejam um êxito rápido e têm tal pressa de o alcançar que não arranjam tempo para serem conformes a si próprios. E, quando essa mania os domina, explicam que semelhante pressa é uma espécie de personalidade.
Nos grandes santos observa-se que a perfeita humildade e a perfeita personalidade coincidem. Praticamente, as duas manifestam-se como uma. O santo se parece com qualquer outra pessoa precisamente porque é humilde.
Enquanto se trata das circunstâncias desta vida, a humildade pode perfeitamente contentar-se com o que satisfaz a generalidade dos homens. Mas isto não significa que a essência da humildade consista em ser-se exatamente como toda a gente. A humildade, pelo contrário, consiste em ser precisamente a pessoa que é realmente perante Deus, e, como não há duas pessoas iguais, se tiverdes a humildade de serdes vós próprios, não vos parecereis com qualquer outra pessoa em todo o universo. Mas não é indispensável que essa individualidade se afirme todos os dias à superfície da vida quotidiana. Não lhe importarão as simples aparências, as opiniões, as preferências, as maneiras de fazer as coisas. É qualquer coisa muito profundamente alojada na alma.
Para o homem verdadeiramente humilde, as vulgares maneiras de ser, os costumes e hábitos dos homens não são matéria de discussão. Os santos não se interessam pelas coisas que os homens podem licitamente comer e beber, trazer em cima do corpo ou pendurar nas paredes das suas casas. Fazer da conformidade ou não conformidade com os outros, nesses acidentes, uma questão de vida ou de morte, é encher de perturbação e de ruído a vossa vida interior. Ignorando tudo isto que não lhe diz respeito, o homem humilde alcança quanto, no mundo, o ajuda a encontrar Deus, e põe de parte o resto.
Está em condições de ver com a maior nitidez que aquilo que é útil para ele pode ser inútil para outrem e que aquilo que ajuda os outros a se santificarem pode ser sua ruína. É por isto que a humanidade traz consigo um profundo requinte espiritual, uma plena paz, um tato e um senso comum, sem os quais não há moral sã.
Não é humildade insistir em ser alguém que não sois. É como afirmar saberdes melhor que Deus quem sois e quem deveis ser. Como esperar alcançar o termo da vossa própria jornada, se tomardes pela estrada que leva à cidade de outrem? A santidade doutro nunca será a vossa: deveis ter a humildade de trabalhar para a vossa prápria salvação numas trevas onde estais completamente sós...
Necessário é, por isso, uma heróica humildade para serdes vós próprios, para não serdes mais ninguém senão o homem ou o artista que Deus destinou que fôsseis.
Sereis levados a sentir que a vossa retidão é só orgulho. É uma cruel provação, porque nunca podereis saber ao certo se estais conforme ao vosso verdadeiro eu ou se estais apenas construindo uma defesa para a falsa personalidade que o vosso anseio de apreço criou.
Mas pode-se aprender a maior humildade na angústia de manter o vosso equilíbrio nesta posição: continuardes a ser vós próprios, sem, no entanto, nisso vos obstinar e sem afirmar o vosso falso eu contra eus dos outros.
A perfeição não é qualquer coisa que podeis comprar como se compra um chapéu, entrando numa loja, escolhendo entre vários e saindo, dez minutos depois, trazendo na cabeça o que convém. No entanto, pessoas há que ingressam nos mosteiros com tal idéia. Apressam-se a adotar a primeira regra de vida que lhes convém e a passar o resto da existência passeando com essa coisa na cabeça. Devoram, sem discriminação, livros piedosos, não se detendo a considerar quanto do que lêem se aplica, ou pode aplicar-se, às suas próprias vidas. A sua principal preocupação é adquirir o máximo de exteriorização possível e adornar as suas pessoas com os aspectos que tão rapidamente conseguiram confundir com a perfeição. E passeiam com fatos cortados à medida doutras pessoas e doutras situações.
Se realizam esta tarefa completamente até o fim, o seu disfarce espiritual está em condição de ser muito admirado. Como os artistas que triunfam, tornam-se comerciais. Depois disso, já pouca esperança há para eles. São boas pessoas, sim, mas estão fora do seu lugar e muita da sua bem-intencionada energia será inutilmente gasta. Deram-se por satisfeitos com seu próprio facho de santidade e com perfeição que, por meio da sua própria imaginação, para si próprios teceram.
E o próprio Deus, que queria criar a sua particular perfeição e a sua alegria pessoal, terá de esperar que tenham passado um penoso Purgatório para finalmente assim poder fazer.
Um dos primeiros sinais que denunciam um santo é talvez o fato de as outras pessoas não saberem o que hão de fazer dele. Não estão certas, efetivamente, se se trata de um louco ou simplesmente de um orgulhoso, mas deve ser, pelo menos, orgulho, o estar possuído por algum ideal individual que ninguém, exceto Deus, realmente compreende. E o santo encontra inevitáveis dificuldades ao aplicar todas as regras abstratas da "perfeição" à sua própria vida. Não pode fazer crer que a sua existência foi modelada pelos livros".

(Thomas Merton)

segunda-feira, 17 de março de 2008

Filosofia

Intodução Geral

Art.I Natureza da Filosofia

1.O desejo de saber, fonte das ciências.

Todo homem, diz Aristóteles, está naturalmente desejoso de saber, isto é, o desejo de saber é inato; esse desejo já se manifesta na criança pelos "porquês" e os "como" que ela não cessa de formular; é ele o princípio das ciências, cujo fim primeiro não será fornecer ao homem os meios de agir sobre a natureza, mas antes, satisfazer sua natural curiosidade.
Se o desejo de saber é assim essencial ao homem, deve ser universal no tempo e no espaço. E é isto exatamente o que nos ensina a história. Não há povo, por mais atrasado, em que se não manifeste este pendor natural do espírito, que é, por sua vez, tão antigo quanto a humanidade.

2.As diversas formas do saber:

a) O conhecimento empírico.
A necessidade de saber gera a princípio os conhecimentos empíricos, que são frutos do ato espontâneo do espírito, mas permanecem conhecimentos imperfeitos, pois falta-lhes por vezes a objetividade, e se formam ao acaso, por generalização prematura, sem ordem nem método. Tais são, por exemplo, as receitas meteorológicas do camponês, os provérbios e máximas que resumem as observações correntes sobre o homem e suas paixões etc. Estes conhecimentos empíricos não são para desprezar. Ao contrário, constituem o primeiro degrau da ciência, que só faz aperfeiçoar os processos que o empirismo emp´rega para adquirir seus conhecimentos.
b)O conhecimento científico visa a substituir o empirismo por conhecimentos certos, gerais e metódicos, isto é, verdades válidas para todos os casos, em todos os tempos e lugares, e ligadas entre si por suas causas e princípios.
Assim é a ciência geral. Sob este aspecto, como veremos, a Filosofia é uma ciência, e mesmo a mais alta das ciências humanas. O uso corrente tende, porém, a restringir a aplicação do nome "ciência" às ciências da natureza, ou mais precisamente às ciências que conseguem formular leis necessárias e absolutas, fundadas no determinismo dos fenômenos da natureza. Tais são a Física, a Química, a Mecânica celeste etc.
c) O conhecimento filosófico, enfim, é a mais alta expressão da necessidade do saber. É uma ciência, enquanto quer conhecer as coisas por suas causas. Mas, ao passo que todas as outras ciências se restringem a descobrir as causas mais imediatas, a Filosofia tem por fim descobrir as causas mais universais, isto é, as causas primeiras de todas as coisas.